quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Chorar, choro

Que lágrimas foram aquelas,
Oriundas de vistas tão belas,
Sem que se soubessem o porquê.
Muitas lágrimas caem
Da face de muitos mortais,
As que vi, porém, jorravam,
Não caiam.
Jorravam.
Cataratas que vieram dos céus;
Chuvas também celestiais.
Não, não pode.
Não pode os céus chorarem.
Seus habitantes são alegres.
Ao menos é o que dizem.
Choram os deuses?
Choram as deusas?
Os mortais choram.
Choram os mortais.
A morte os fazem chorar,
A vida também o faz.
A fome leva a alegria
Para bem distante do homem.
Alegria viaja.
A fartura traz a alegria de volta.
Alegria regressa.
Fome de carinho, de desejo, de paixão,
De amor, de piedade, de compaixão,
De conhecimento, de sabedoria...
Fartura de tudo isso.
Fome de tristeza;
Fartura de alegria.
Alegria viaja,
Tristeza regressa;
Alegria regressa,
Tristeza viaja.
Choros não são ruins.
Chorar é que o é.
Chorar é ruim.
Choros não o são.
Quem chora, chora de algo.
E não há nada porque chorar.
As águas lacrimais da alma
São pérolas das divindades:
Enobrecem, enaltecem, enriquecem.
Retificam. Purificam. Santificam.
Deificam.
Aquelas lágrimas eram nobres,
E ricas, e santas, e deusas.
O homem
Chora.
O homem,
Choros.

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