quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Dia para lutar

Amanhã,
Quando o galo cantar,
É outro dia:
Dia de vencer,
Dia de lutar.
Ou dia lutar,
Dia de vencer?
Não sei.
Lutarei.
Será que vencerei?
Não sei.
Lutarei.
Se hoje não venci,
Sei bem que lutei;
Se ontem não lutei,
Por isso não venci.
Amanhã,
Quando o galo cantar,
É outro dia -
Vencerei.
E, caso eu não vença,
Amanhã,
Quando o galo cantar,
Lutarei.

A não-correspondência

Já disse o que sinto por ela:
Respirei.
Ela nada falou,
Nada indicou sentir
Em seu jeito de menina-mulher.
Mal soube interpretar o que me fez:
Deixou a mim e dona dúvida
Sozinhos,
E tão juntos
Quanto queria ficar de seu amor.
Não a consigo compreender:
Embora pareça não me amar,
Seu olhar nada me chega a dizer
A ponto de que eu ache
A falta desse sentimento
Em sua face.
Será isso apenas fantasia de quem ama?
Ou, então, há de ser, talvez,
Desfaçatez
De quem ama e não quer amar?
Se me quer,
Por que não diz?
Se não,
Por que se cala?
Por que não vem para mim e fala?
Assim,
Arrancará de vez esse desejo de tê-la
E essa ânsia de beijá-la
Que me tomam sempre que a vejo;
Assim, fará com que seque,
De uma vez por todas,
Esse broto de amor
Que cisma em abrigar-se forte
Em meu coração,
Mesmo sem os alimentos
Com os quais é privilegiado
O amor correspondido.
Quem sabe seja melhor assim:
Broto morto em terra fértil.
Mais vale isso do que a melancólica certeza
De que ele nunca irá crescer
Além do pouco que já pôde germinar.
Depois, pode até ser que outra semente caia
Nesse solo vasto de amor para dar
E não só germine,
Mas cresça
E dê frutos -
O oposto do que é hoje,
Totalmente o inverso do que o amor de quem eu amo
Demonstra ser para com o meu.