domingo, 1 de julho de 2007

O sabidão

- Você não sabe tudo. Disse Marina, já irritada com a auto-suficiência de Joaquim.
E ele logo respondeu:
- É verdade, ao menos até onde eu sei.
Marina, mais irritada ainda, disse:
- Você é convencido, hein.
Joaquim respondeu, com a mesma prepotência de sempre:
- Não é isso, não. É que, talvez, eu saiba tudo e não esteja a par disso.

O milênio

Um dia, Shakespeare encontrou-se, casualmente, com Sócrates e Aristóteles no paraíso, no recinto de descanso onde estavam, e disse:
- Eu tive uma imensa vantagem sobre ambos, meus caros. Nasci uns dois milênios depois de vocês. Conheci-os de cabo à rabo. Li os dois desde a capa até a contracapa de seus livros. Mas vocês nem sequer sabiam que um dia eu pudesse vir a existir na terra.
Aristóteles não deixou por menos:
- É, meu filho, você conheceu-nos por completo mesmo. Por isso é que fez grande sucesso. Não digo que você teve vantagem sobre nós por nascer uns dois milênios depois e ler tudo o que nós escrevemos, mas que eu e Sócrates fomos privilegiados por nascermos uns dois milênios antes de você e ensinar grande parte de tudo o que você aprendeu ao nos ler. Não é mesmo, Sócrates?
Sócrates, que, em sua vida, muito falou e nada escreveu, sabiamente responde:
- Só sei que nada sei.

O domínio do idioma

Ferreira contava para seu amigo Manoel: "Eu estava acima da velocidade permitida numa via estadual e um policial rodoviário me ordenou que parasse o carro."
- "E depois?" Perguntou Manoel, curioso.
O policial falou: “O senhor ‘está andando’ acima do limite de velocidade.”
- E ele multou você, Ferreira?
- Não. Eu cheguei pra ele e falei: “Senhor policial, perdoe-me, mas a expressão ‘está andando’ me faz parecer um imprudente, pois lembra muito o presente do indicativo. Na verdade, o senhor poderia usar somente o verbo principal e conjugá-lo na terceira pessoa do singular do pretérito imperfeito do indicativo ou, se preferir, flexione-o em um dos tempos do subjuntivo - o que seria bom para todos.” Aí ele me liberou - disse Ferreira, todo orgulhoso.
Manoel, admirado, exclamou:
- Incrível, como o domínio do idioma é importantíssimo, hoje em dia; não fosse isso, certamente você teria que pagar uma baita multa!
Foi a deixa para que Ferreira completasse:
- É. Mas o cheque que voou para o bolso dele também ajudou bastante.
- Ah, bom.