domingo, 5 de agosto de 2007

O sol quente

Zé estava capinando seu quintal, quando, de repente, saiu com essa:
- Eu acho que sou doido em ficar trabalhando debaixo desse sol quente.
A mulher dele, que, de hora em hora, olhava o trabalhador e trabalho, logo perguntou a Zé:
- Agora que você foi ver isso?
- “Que o sol tá quente?” Disse ele.
- “Não, que você é doido.” Respondeu ela.

Suicídio induzido, induzido

Charles Berrava, em tom de brincadeira, com um saco plástico em volta de sua cabeça:
- Eu vou me matar, vou me matar. E não tentem me impedir.
Daniel veio logo com essa:
- Você já devia ter feito isso, já devia ter feito isso. Nunca o impedimos.

Problemas

Arlindo, já enclausurado pelas dificuldades com as quais se deparava, aproveitou a presença do padre Bernardo e disse-lhe:
- Puxa, meu aniversário é hoje. E estou cheio de problemas.
O padre foi sucinto:
- Você está vivo, meu filho, você está vivo.
Arlindo completou:
- Isso aí consola qualquer um, padre. Mas para mim é só mais um problema.

O orelhão

Certa vez, um menino estava passeando com seu pai e, escondido, resolveu ir até um telefone público. Ele tirou o telefone do gancho e, sem cartão, discou um número qualquer. Esperou, até que alguém atendesse e perguntasse:
- Por que o palhaço tá ligando a cobrar?
O menino, com um tom bem humorado, e de improviso, logo respondeu:
- Pra falar com o palhaço que atendeu.
Logo que o menino desligou o telefone, o pai chegou e questionou sobre o que fazia. E, prontamente, veio a resposta:
- Eu tava telefonando pro circo, papai.

Criar é o quê

O jovem Edivam, em início de carreira, lançara seu primeiro livro. Por incrível que pareça, decepcionado, conversava com seu avô, Moisés:
- Fiz uma pequena obra de arte e, depois, fui descobrir que já havia um outro livro de um outro autor publicado com todos os textos que fiz. Ou seja, percebi que, sem saber, em vez de criar, eu estava copiando.
O avô, com toda sua experiência, disse:
- Criar é copiar, meu filho.
De repente, veio à boca do jovem Edivam um sorriso de quem descobrira algo raro e esplendoroso naquilo que lhe dissera seu avô:
- Epa, vovô, foi o senhor quem criou essa frase?
O avô, prontamente, disse:
- Não, eu copiei.

Quem acredita

- “Você gosta de homens inteligentes?” Pelo telefone, perguntou Mário à Joana, depois de paquerá-la intensamente.
- “Gosto.” Disse Joana.
Mário não quis perder uma deixa dessas.
- “Então, você gosta de mim, não é?” Disse ele.
- “Você se acha inteligente, não é?” Disse ela.
Ele finalizou o assunto com tal argumento:
- Não, os outros é que vivem me dizendo isso. Aí, já viu, né: eu acabo acreditando.

domingo, 15 de julho de 2007

Quadra

À noite cai o sereno
E a lua diz para o sol:
O escuro é tão pequeno,
Perante a luz do farol.

Quadra

Fazem “daqui” o inferno,
Caos do dia-a-dia.
Se sonhar fosse eterno,
O pesadelo lamentaria.

Simples

Antes de tudo, o que existia?
Não sei o que responder.
Ah, alguém saberia?

Por que não compreendemos,
Agora, o que houve antes?
Uns dizem: sabemos.
Lorotas dos seres falantes.
Antes, sobre este eles sabem,

Argumentam com fatos concretos.
Upa! E o antes do antes:
Rios, fogos ou fetos?
Éramos o que somos:
Legítimos em evolução?
Iremos ser o que fomos?
Obituários responderão.

Buzinas assim sempre vêm.
Ainda bem, elas vêm, ainda bem...
Ruim se viessem a ninguém.
Brandas, as sinto tocar,
Ociosas, em hora ociosa.
Será seu efeito simples, tal qual
Ana Paula Barbosa?

Margarida, flor

Margarida de muitas vidas,
Amor de muitos corações,
Raio que rasgou o céu,
Gostoso mel,
A pureza nas canções;
Raiz do nosso aprendizado,
Ilustração do nosso viver,
Debelando as dificuldades,
Avançando, insiste em crescer.

Transmitiu e transmitirá
Respostas e lições de vida.
Imensidão de amor p’ra dar,
No jardim da margarida.
Dentre muitas outras cores,
A sua possui um raro esplendor.
Descreve a razão da vida:
Ela, Margarida, flor.

Diz, através de sua beleza,
Emoções que jamais serão esquecidas.

Deus, abençoe essa Margarida
E a faça crescer com sutileza!
Universo em você, você na vida.
Sonho eterno, Margarida, querida.

Enigmático

Beleza rara sobre o véu
Encontra só quem insiste.
É doce almejar o céu;
É amargo viver triste.

No poema de um papel,
Enigma vital existe.
Viver ao sabor do mel:
Sonho que não persiste.

Contudo, mesmo sabendo
Ver o sonho que existe,
Em momentos, parecer fel,

Desejo estar vivendo,
Amargo, doce ou triste,
À poesia fiel.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Diálogo no lar

Os seres humanos têm necessidade de manter contato uns com os outros. Às vezes, esses contatos não se mostram tão positivos como deveriam ser, não trazem tanta harmonia como deveriam trazer. Isso ocorre devido à confusão do diálogo com o debate, por causa dos debates que se fazem e dos diálogos que se deixam de fazer. Dialogar é reconhecer no outro a dignidade de um ser, por muitas que sejam as diferenças ou os ódios acumulados.

Com o diálogo, é até possível chegar a um denominador comum, evitando-se que falsas verdades sejam impostas e que se prevaleçam as tradicionais dicotomias com as quais não se vai longe o bastante e sem as quais muito se progride. É interessantíssimo que se saiba distinguir o bem do mal, o bom do ruim, a luz da escuridão, como também reconhecer o branco e o preto, a direita e a esquerda e assim por diante. Mais importante, porém, é não fazer com que algumas dessas dicotomias sirvam de pretextos para a exclusão do diálogo num relacionamento.

Na história da humanidade, consta a existência de várias civilizações anteriores à nossa. Mas todas elas deixaram de existir. Ou melhor, deram passagem às que foram surgindo de tempos em tempos. Os povos antigos da Suméria, da Babilônia, do Egito, da Grécia antiga, sem falar do inesquecível Império Romano - tudo passou. Sempre havendo choques entre as civilizações citadas, elas engoliram umas as outras no decorrer dos tempos. Deixaram como herança monumentos e peças de belezas impressionantes. Mas sumiram. Ou, talvez, não. Aqui estamos nós, num grau evolutivo mais elevado, quem sabe, representando as civilizações antigas. Agora, precisamos da sabedoria acumulada por todos os povos para que, conversando, possamos superar os problemas sérios que criamos e que ameaçam toda a vida em nosso planeta Terra.

Há muitas formas de dialogar, muitos meios e métodos para se fazer isso - mas, infelizmente, ignoramos a razão e o coração e, em vez de dialogar, debatemos, discutimos, interrompemos, brigamos, ironizamos, satirizamos... Muitas vezes, a habilidade e a disposição para ouvir intensamente e tentar compreender são consideradas menos importantes do que a capacidade de convencer e de impor nossas idéias aos outros.

Ouvir nos faz doer os tímpanos; as críticas nos ferem. Contudo, é bem melhor ser "criticado e corrido do que bajulado e corrompido", como disse, há tempos, o padre Antônio Vieira. Ninguém vive só. Estamos ligados por algumas características que nos trazem unidade na diversidade: desejamos nos realizar em nossa vida pessoal e profissional; buscamos sempre algo a mais para nos iluminar espiritualmente; criamos uma família e um lar, onde nos sentimos na plenitude do que Deus preparou para nós. E é aí que necessitamos estar alertas para não pecarmos pela falta. Devemos conversar conosco e nos questionarmos a respeito da maneira como nos portamos no meio familiar e como cuidamos da família, principal célula da sociedade. O diálogo interior é um dos caminhos para que melhoremos a conduta em nossos lares.

Dialogar é preciso. E isso independe de classe social. Não podemos deixar que os computadores, os televisores e os DVDs, nem a falta deles, nos impeçam de transmitir todo o nosso amor e nossa paz, em forma de diálogos serenos, tanto àqueles que conhecemos e que queremos bem quanto aos desconhecidos, aos quais devemos o sentimento de fraternidade.

Pois a humanidade nada mais é do que irmãos em espírito separados pela matéria; e o mundo, esse só compreenderemos com diálogos, diálogos e mais diálogos.

Seu aniversário

Que data representa sua chegada aqui neste planeta ou, simplesmente, quando é seu aniversário? Mais do que tudo, essa data simboliza uma oportunidade a mais para o aperfeiçoamento do seu caráter por essas bandas aqui.

Que a reflexão faça parte não só de seus aniversários, mas de toda a sua vida, independente de religião ou de quaisquer outras coisas. Que a cada dia que se passe, possa agir da melhor maneira possível com o próximo e, principalmente, consigo. Que os critérios para todas as suas atitudes aqui na Terra sejam, acima de tudo, a forma racional com que se deve ver não só a vida como também a morte. Que prevaleça a certeza de que há uma Inteligência Suprema, regente do Mundo. Que seu Universo possa incluir tanto aquilo que se conhece e que se pode ver, quanto tudo o que não se conhece e que não se pode ver, mas que, apesar disso, certamente será visto em alguma ocasião, de acordo com o desenvolvimento da Humanidade.

Cada qual sabe de seu passado - ele já foi percorrido até aqui. E, mesmo com todas as experiências, vividas ou não, o futuro nunca deixa de ser algo incerto para seres incertos. Mas o tempo presente pode ser a trilha para moldá-lo com harmonia. Os aniversários são indicações de que há meios e motivos para se ser feliz e para se fazer felizes os outros juntos de nós e juntos a nós.

Os aniversários devem ser não apenas marcos de que experiências velhas foram adquiridas, mas de que ainda há muita experiência nova para se adquirir. Que você possa estar em busca do aprendizado constante e de usá-lo para o bem de todos os que o cercam e que fazem parte de sua vida.

SENTIMENTO

No momento em que a angústia envolve fortemente um ser, o qual a poesia habita sua alma, e ainda acrescenta-se a isso a visão de uma caneta e de um inocente papel, resta mais nada, senão tomá-los em mãos e, em meio a tanta inópia, revelar o SENTIMENTO.

domingo, 1 de julho de 2007

O sabidão

- Você não sabe tudo. Disse Marina, já irritada com a auto-suficiência de Joaquim.
E ele logo respondeu:
- É verdade, ao menos até onde eu sei.
Marina, mais irritada ainda, disse:
- Você é convencido, hein.
Joaquim respondeu, com a mesma prepotência de sempre:
- Não é isso, não. É que, talvez, eu saiba tudo e não esteja a par disso.

O milênio

Um dia, Shakespeare encontrou-se, casualmente, com Sócrates e Aristóteles no paraíso, no recinto de descanso onde estavam, e disse:
- Eu tive uma imensa vantagem sobre ambos, meus caros. Nasci uns dois milênios depois de vocês. Conheci-os de cabo à rabo. Li os dois desde a capa até a contracapa de seus livros. Mas vocês nem sequer sabiam que um dia eu pudesse vir a existir na terra.
Aristóteles não deixou por menos:
- É, meu filho, você conheceu-nos por completo mesmo. Por isso é que fez grande sucesso. Não digo que você teve vantagem sobre nós por nascer uns dois milênios depois e ler tudo o que nós escrevemos, mas que eu e Sócrates fomos privilegiados por nascermos uns dois milênios antes de você e ensinar grande parte de tudo o que você aprendeu ao nos ler. Não é mesmo, Sócrates?
Sócrates, que, em sua vida, muito falou e nada escreveu, sabiamente responde:
- Só sei que nada sei.

O domínio do idioma

Ferreira contava para seu amigo Manoel: "Eu estava acima da velocidade permitida numa via estadual e um policial rodoviário me ordenou que parasse o carro."
- "E depois?" Perguntou Manoel, curioso.
O policial falou: “O senhor ‘está andando’ acima do limite de velocidade.”
- E ele multou você, Ferreira?
- Não. Eu cheguei pra ele e falei: “Senhor policial, perdoe-me, mas a expressão ‘está andando’ me faz parecer um imprudente, pois lembra muito o presente do indicativo. Na verdade, o senhor poderia usar somente o verbo principal e conjugá-lo na terceira pessoa do singular do pretérito imperfeito do indicativo ou, se preferir, flexione-o em um dos tempos do subjuntivo - o que seria bom para todos.” Aí ele me liberou - disse Ferreira, todo orgulhoso.
Manoel, admirado, exclamou:
- Incrível, como o domínio do idioma é importantíssimo, hoje em dia; não fosse isso, certamente você teria que pagar uma baita multa!
Foi a deixa para que Ferreira completasse:
- É. Mas o cheque que voou para o bolso dele também ajudou bastante.
- Ah, bom.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

O raro amor

Acredito no amor eterno:
Aquele que não se finda,
Quando acaba a paixão.
Ou melhor,
Esse amor, no qual eu creio,
Nem deixa a paixão ir embora:
Ambos andam juntos,
São deveras inseparáveis.
Talvez,
Os outros amores
Nem mesmo sejam amores.
Quem sabe não são eles
Coisas outras mascaradas em amor?
O meu é eterno,
Eterno,
Eterno amor;
Para mim,
Qualquer outro amor que seja,
Passa com a mesma avidez com que chegou.
Presumo que o meu
Não seja somente meu.
Desejo que ele seja
Também de outros,
Que saibam tratá-lo direito,
Com carinho
E de tal jeito
Que um dia eu possa pular
De tanto que ele cresceu.
Pois agora,
Neste momento,
Olho em volta de mim
E o vejo ser considerado
Tão pequeno,
Apesar de sua grandeza;
Vejo-o ser posto de lado,
Juntamente com sua valiosa
E alva essência.
Fazem isso com ele.
E daí?
O amor que me faz viver,
Além de tudo,
Traz a certeza de que eu mesmo
Não o deixarei morrer
E que viveremos juntos -
Até que eu me vá
E ele se dissipe depois
Ou até que ele se canse da minha pessoa
E a deixe por aí,
À mercê da solidão.

Como a amarei

Como eu,
Cavalheiro vassalo contemporâneo,
Poderei amar essa princesa,
Se a força da contradição
Arrebata nosso ser?
Eu sou um,
Aqui,
Desiludido,
Desencorajado;
Ela é outra,
Lá,
Tomada por ilusões,
Inerte rente a mim.
O que querer,
Se não consigo tê-la?
Pedirei coragem aos céus
Para que eu possa vê-la
Um dia em meus braços,
Sorrindo,
Linda como é.
Mandarei que a vergonha se vá:
Só assim lhe direi o quanto a amo,
O quanto a desejo em meus braços acanhados.
Incrível,
Amo-a,
Quero-a,
Desejo-a,
Mas nenhum ato,
Que talvez nos una,
Cometo.
Pelo contrário,
Aquieto-me diante dela,
Uso de implacável frieza
E obscureço meus sentimentos -
Mesmo eles implorando
Para que eu os deixe libertar-se.
Eles querem me fazer feliz,
Mas não os posso deixar agir.
Que vida,
Não posso ter quem amo,
Pois o medo da decepção é gigantesco,
Mesmo ante a vontade de ser feliz.
Parece até maior
Esse medo.
Mas terei coragem:
Deixarei de lado
Esse medo atemorizante.
Não sei se apenas passarei rasante
Junto à felicidade
Ou se pousarei junto a ela,
Se posarei com ela,
Amando quem eu tanto quero amar.

Só assim

Apenas morrerei feliz
Quando souber que deixarei,
Ao menos,
Um pequeno pedaço
Dos meus princípios inteiros
Para os que me viram chegar aqui,
Ou passar aqui,
Ou partir daqui.
Não,
Não sei se vou ser feliz se vir,
Do outro lado,
Aqueles com quem tanto falei,
E que tanto aconselhei,
Tristemente esquecerem de tudo.
Se isso acontecer,
A decepção irá tomar-me por completo,
Não pela morte que separou o homem - eu -
Dos indivíduos que me cercavam,
Mas pela falta de vida
De tudo aquilo que me esforcei em semear
E que pensava ser algo mais
Que simples bobagem só minha.