quinta-feira, 5 de julho de 2007

Diálogo no lar

Os seres humanos têm necessidade de manter contato uns com os outros. Às vezes, esses contatos não se mostram tão positivos como deveriam ser, não trazem tanta harmonia como deveriam trazer. Isso ocorre devido à confusão do diálogo com o debate, por causa dos debates que se fazem e dos diálogos que se deixam de fazer. Dialogar é reconhecer no outro a dignidade de um ser, por muitas que sejam as diferenças ou os ódios acumulados.

Com o diálogo, é até possível chegar a um denominador comum, evitando-se que falsas verdades sejam impostas e que se prevaleçam as tradicionais dicotomias com as quais não se vai longe o bastante e sem as quais muito se progride. É interessantíssimo que se saiba distinguir o bem do mal, o bom do ruim, a luz da escuridão, como também reconhecer o branco e o preto, a direita e a esquerda e assim por diante. Mais importante, porém, é não fazer com que algumas dessas dicotomias sirvam de pretextos para a exclusão do diálogo num relacionamento.

Na história da humanidade, consta a existência de várias civilizações anteriores à nossa. Mas todas elas deixaram de existir. Ou melhor, deram passagem às que foram surgindo de tempos em tempos. Os povos antigos da Suméria, da Babilônia, do Egito, da Grécia antiga, sem falar do inesquecível Império Romano - tudo passou. Sempre havendo choques entre as civilizações citadas, elas engoliram umas as outras no decorrer dos tempos. Deixaram como herança monumentos e peças de belezas impressionantes. Mas sumiram. Ou, talvez, não. Aqui estamos nós, num grau evolutivo mais elevado, quem sabe, representando as civilizações antigas. Agora, precisamos da sabedoria acumulada por todos os povos para que, conversando, possamos superar os problemas sérios que criamos e que ameaçam toda a vida em nosso planeta Terra.

Há muitas formas de dialogar, muitos meios e métodos para se fazer isso - mas, infelizmente, ignoramos a razão e o coração e, em vez de dialogar, debatemos, discutimos, interrompemos, brigamos, ironizamos, satirizamos... Muitas vezes, a habilidade e a disposição para ouvir intensamente e tentar compreender são consideradas menos importantes do que a capacidade de convencer e de impor nossas idéias aos outros.

Ouvir nos faz doer os tímpanos; as críticas nos ferem. Contudo, é bem melhor ser "criticado e corrido do que bajulado e corrompido", como disse, há tempos, o padre Antônio Vieira. Ninguém vive só. Estamos ligados por algumas características que nos trazem unidade na diversidade: desejamos nos realizar em nossa vida pessoal e profissional; buscamos sempre algo a mais para nos iluminar espiritualmente; criamos uma família e um lar, onde nos sentimos na plenitude do que Deus preparou para nós. E é aí que necessitamos estar alertas para não pecarmos pela falta. Devemos conversar conosco e nos questionarmos a respeito da maneira como nos portamos no meio familiar e como cuidamos da família, principal célula da sociedade. O diálogo interior é um dos caminhos para que melhoremos a conduta em nossos lares.

Dialogar é preciso. E isso independe de classe social. Não podemos deixar que os computadores, os televisores e os DVDs, nem a falta deles, nos impeçam de transmitir todo o nosso amor e nossa paz, em forma de diálogos serenos, tanto àqueles que conhecemos e que queremos bem quanto aos desconhecidos, aos quais devemos o sentimento de fraternidade.

Pois a humanidade nada mais é do que irmãos em espírito separados pela matéria; e o mundo, esse só compreenderemos com diálogos, diálogos e mais diálogos.

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